O que eu vejo é um mundo que precisa mudar muito. Não são só cinco coisas que precisam mudar, é muito mais. Vejo pessoas vivendo em uma bolha social, pessoas que querem amar alguém sendo que não amam a si mesmas, tudo porque a sociedade insiste em colocar um certo padrão no corpo. Vejo pessoas que sempre estão chorando, pois não são aceitas ou respeitadas por serem elas mesmas, bem, eu vejo um caos total.
Essa janela traz uma realidade tão triste e intensa, que muitas das vezes a vontade de fechá-la com cimento é enorme. Eu choro toda vez que ouço uma criança pedindo para a mãe ou o pai parar de bater nela, eu choro toda vez que vejo um LGBTQ+ sendo agredido por simplesmente amar, eu choro com os discursos hipócritas da bancada evangélica. Eu choro ao saber que a cada cinco minutos uma criança no Brasil morre de medo, a cada vinte e cinco horas um LGBTQ+ é assassinado por homofobia, choro ao lembrar que as mulheres são consideradas vadias se usam roupas curtas. Isso me faz mal, é como se fosse alguma substância tóxica. Não são só cinco coisas que podemos enxergar, você sabe, todos sabem, mas alguns querem apenas fechar os olhos e ignorar essa dor do mundo, esse buraco tão fundo chamado “intolerância”.
Umas das coisas que eu mais vejo nessa janela é a baixa autoestima. Muitas pessoas tentando incessantemente parecer uma mulher da Playboy ou um homem da DNA Magazine, “perfeitos” aos olhos do padrão social. Esse padrão faz mal para todos, até mesmo para as pessoas que estão dentro dele. Um exemplo é uma garota que recentemente se suicidou por estar acima do peso. Infelizmente, ela não aguentou esse bolo de gordofobia e quis acabar com tudo de uma vez, e mesmo não estando mais viva, muita gente continuou a humilhando por causa de seu peso. Precisamos abrir nossos olhos, criar força na voz e gritar para fora dessa janela: “Eu sou assim e eu amo a minha essência”! Já está na hora de pararmos de desejar o corpo dos outros e começar a nos amar mais, já está na hora de começarmos a ter mais respeito com outras essências, não importa se essa pessoa é estranha, baixa, gorda ou qualquer outro adjetivo que você conhece.
Outra coisa que é possível ver (e bem nitidamente por sinal) é a intolerância. Ainda é muito delicado falar de religião, ainda é muito delicado você se declarar ateu ou mulçumano. Sempre vão dizer que ateu vai para o inferno ou que mulçumano é terrorista. São muitos estereótipos para serem apagados.
Há muita luta pela frente para os LGBTQ+ conquistarem os seus direitos e o seu respeito. Ainda hoje é difícil ser gay, e isso não é uma decisão, ninguém escolhe sofrer discriminação, ninguém escolhe apanhar na rua, ninguém escolhe ser expulso de casa ou ser tido como o culpado pela existência da AIDS. O que eu falo não é de boca para fora, o que você está lendo não é bobagem e perda de tempo. Você está lendo um texto para abrir a sua mente e entender o mundo que nos cerca.
No dia 3 de julho, houve a parada LGBTQ+ e eu fiquei muito feliz por ter um grande número de pessoas que não tem medo de ser quem elas são, que estão dando a cara à tapa nessa sociedade intolerante e hipócrita.
O que mais se vê por essa janela é a hipocrisia. Muitas pessoas sendo homofóbicas, mas consumindo produtos que apoiam os gays. Darei exemplos: Coca-Cola, Apple, Microsoft, Chanel, Mac, Facebook, Google, Twitter, Spotify, YouTube, O Boticário, Avon... A propósito, Tim Cook, o CEO da Apple, é gay.
Essa janela mostra o quanto a sociedade precisa mudar, e não é para amanhã ou para semana que vem, é para agora mesmo.
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