130 coisas sobre as quais escrever #67 [Texto de Larissa Gaspar de Moraes e Maria Eduarda Alves Ramos]
Texto de Larissa Gaspar de Moraes, sala 9.
A gangorra da vida e seu sobe e desce
A gangorra azul com partes amarelas, pequena e delicada, na areia, feita de ferro, com crianças, crianças sorridentes que não pensam como a gente. Mal sabem elas que a gangorra é um sobe e desce da vida: uma hora estamos em cima e outra ficamos em baixo, e quem sempre vence são os mais fortes, os que podem decidir se o mais fraco ficará em baixo ou em cima e que isso apenas depende de você, se quer ficar no topo ou não.
Assim como uma balança, em que o de maior peso tem mais valor e está mais abaixo, a sociedade se apresenta de forma desigual. Para que a minoria se mantenha no topo, é necessário um povo forte e em massa, que sustente e segure esse peso. Um povo triste, assim como uma criança que anseia por subir, que sonha com o topo, que tem a paciência, espera sua vez. Que suporta. Que não sabe da força que tem para subir, nem tem coragem de descer do brinquedo. Como uma criança que se alegra ao ver outra criança do mesmo peso para poder brincar. Que se alegra com a justiça, com a igualdade e a verdadeira diversão. Uma criança que cresce e continua sonhando com o equilíbrio da vida, da sociedade. Uma criança que não desiste, mesmo que não tenha mais idade para subir na gangorra, agora continua tentando subir na vida.
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Texto de Maria Eduarda Alves Ramos, sala 2.
Vem à memória quando eu tinha 4 anos de idade, quando meu pai me levava em uma tarde ensolarada ao parquinho para me divertir com meus amiguinhos, e toda vez que nós íamos, ele ia falando no caminho que nunca iria me deixar. Prometia que todas as vezes que ele pudesse, me levaria ao parquinho e eu, criança inocente com um coração enorme, simplesmente o abraçava e falava que ele era muito especial para mim.
Chegávamos ao parquinho e eu brincava de fazer comidinha, jogar futebol e todas aquelas brincadeiras de criança. Ao final do dia, já estava cansada de tanto brincar e era aí que meu pai me olhava, me pegava no colo e me colocava em um balanço. Ficava uns minutinhos me balançando, era ali que eu fechava os olhos e relaxava, sentia aquele ventinho bater em meu rosto, respirava fundo e deixava aquele balançar me acalmar. Era ali que eu pensava no quão grande era o meu amor pelo meu pai, e mesmo ele brigando comigo por coisas bobas que eu fazia, era para me ensinar e que nada disso mudaria o amor dele por mim. Íamos para casa, tomava meu banho e lá ia meu pai me colocar na cama. Dava-me um beijinho, desejava boa noite e ia dormir. Minha mãe vinha, contava uma historinha, me dava outro beijinho cheio de amor e ia deitar.
Muitas das noites, eu escutava meus pais brigando. Não entendia muito bem o que era, pois era uma criança inocente e achava que no final tudo ia ficar bem, que íamos passear, tomar sorvete. E realmente ficava tudo bem, acordava, recebia os mimos de sempre e para uma criança, tudo estava bem. Entretanto, as brigas foram ficando cada vez mais frequentes, meus pais já não se falavam direito. Eu pedia para ir ao parquinho só para ir no balanço rapidinho, e meu pai falava que não dava, tinha coisas para fazer, eu sempre entendia. Até que um dia, meu pai entrou no meu quarto enquanto eu dormia, me deu um beijo e falou que me amava e que voltaria para me ver. Ao acordar, perguntei para minha mãe do papai e ela me contou a verdade, mas de uma forma doce, para que eu pudesse compreender. Como eu era uma criança, não entendia o motivo pelo qual eles se separaram.
Os anos foram passando, meu pai ligava de vez em quando e falava que ia me ver, mas não vinha e eu falava: “tudo bem, papai. A mamãe está me levando ao parquinho, naquele balanço que eu tanto amo”. Porém, fui crescendo e com isso fui começando a entender os motivos da separação. A dor aumentava, pois não tinha mais meu pai para me balançar, para sentir aquela brisa batendo em meu rosto. E eu cresci com minha mãe me ensinando a se forte, me formei e me tornei uma pessoa independente, mas que tinha no coração aquela criancinha de sempre, a que amava ir ao parquinho com o pai.
É lá para aonde eu vou quando quero me acalmar, pensar na vida. No antigo balanço do parquinho perto de casa que eu sei que, independentemente de onde meu pai esteja, o que irá nos unir de novo é um balanço velho que ficará em nossas memórias para toda a vida.
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